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domingo, 30 de novembro de 2014

Dentre nós, desiderium

Mãos entrelaçadas. Os olhos denunciavam aquele sentimento. Pertenciam um ao outro naquele infinito particular. A respiração era tão intensa quanto o prazer que sentiam: divinamente se amavam. Ela o contemplava. Ele,delicadamente, mordia os seios dela, e isso a fazia desejá-lo mais. Os beijos eram longos - transbordavam o querer.  As mãos deslizavam pelos corpos, os dedos, molhados, cada vez mais procuravam estar naquela mulher. Meticulosamente, ela se entregava e o conduzia para dentro de si: o suspiro pode ser ouvido pelos dois - ali estavam, preenchidos um pelo outro. 
Pela  fresta, o luar invadia o quarto, expondo os rostos ternamente despudorados. Sorriam. Ela adorava sussurrar, ao pé do ouvido dele, o quanto lhe amava, enquanto aqueles deliciosos movimentos tornavam-se rápidos e intensos. Naquele momento, as unhas marcavam a pele clara daquele homem, que se arrepiava a cada toque. Suavemente, ela se desencaixou -  seus lábios queriam senti-lo, saboreá-lo. Era tomado, molhado, sugado, mordido: estava sendo corrompido, ora lentamente,ora ferozmente. Pulsava. Ela adorava vê-lo desejante,pois aquilo lhe dava prazer. Ele não podia mais se conter tampouco queria, então se entregou, totalmente. 
Ela estava embriagada por ele. Ele extasiado por ela. Acomodaram-se na cama. Abraçados adormeceram, eram plenos. 




Dedicado a Rafael Sant'Anna




quarta-feira, 24 de setembro de 2014

"As cartas que eu não mando"

Aquele quarto era um pedaço do seu mundo. 
Vestia uma camisa azul e óculos vermelho. Os cachos bagunçados e o grande sorriso davam leveza a tristeza da despedida. Ela deitou calmamente, pois não queria acordá-lo : era tão lindo vê-lo dormir. Podia sentir o perfume - e como era bom o perfume dele ! Embriagava-se com tudo aquilo que via e sentia ao estar com ele. Não poderia deixar de querer estar ali. Quis beijá-lo e assim fez : gostava de acordá-lo com beijos e cheiros. Aquilo o fazia sorrir. Ele a acomodou em seus braços - como ela amava esse lugar ! O abraço era tudo aquilo que não podiam falar. O beijo era exatamente o que precisavam falar. Os corpos eram o que desejavam : o encontro. De quem ? Do nós. Do amor.
 Amor - amigo. Amigo-amor. Livre amor. 




Dedicado aquele que me faz tão bem, Rafael Sant'Anna