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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quase tudo que eu sei

Há algumas coisas que ela não ousaria dizer, e ele não se atreveria a ouvir. Existe um segredo, o qual podemos chamar de motivo. Circunstâncias se repetem fazendo com que o   adorável menino chore copiosamente. Ele não tem mais dezesseis, não se chama João Roberto. É apenas mais um que traz consigo um passaporte carimbado pelo passado. Sua camisa de força não é branca, não tem fivelas, nem cintos , mas  possui cheiros, olhares,afagos que o imobilizam. Seu corpo clama por uma cura. Ele está cansado, exausto. O caminho de volta fora perdido, mas ainda sim, ela estende a mão trazendo-o para perto daquela luz ofuscante. Eles não se separavam. Jamais se separariam. Eram um do outro e continuariam sendo até a próxima vida. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Setembro de 1970

As ruas estão estreitas,
As luzes estão apagando-se.
Nos bares, eu vejo sorrisos,
Sorrisos genéricos.
Inalo odores putrefactos,
Que se misturam aos doces perfumes.
A chuva começa a tocar minha pele,
Enquanto essa overdose corrompe toda conduta descartável e superficial.
É o remédio antimonotonia,
Antimoralismo,antifanatismo,antipreconceito,anticomodismo.
Altas doses,
Frequentes convulsões.
As luzes acenderam-se,
Os olhos impugnantes insistem em dizer :
"Comece por você"
Joguei tudo na mala,
Dessa vez meu destino não foi a estação rodoviária,
Nem efêmeras doses de compaixão.
O destino é o adeus,
É o começo de um caminho sem volta,
É a impetuosa busca por melhoras,
De si próprio, da sociedade que vivo e da que deixarei.
Adeus.



quinta-feira, 14 de julho de 2011

Afago incontido

A vida já tinha tido cor, mas nunca teve o brilho ou foi aquarela.
 Era uma manhã dominical quando o sorriso extasiou a menina dos olhos castanhos e do cabelo enrolado. Eles estavam deitados. Ela ao lado daquele que mudou  sua vida. Ele ao lado daquela que mudou sua vida. Pertenciam um ao outro. Corrompidos estavam pela felicidade : a chance foi dada e aceita. O sentir de que ali começava o que hoje chamam de plenitude, os tomavam. O amor deles é doce, apimentado, vivo, sincero,intenso,calmo. É, exatamente, além do que um dia a menina dos olhos cor de amêndoas desejou. 
 É perfeitamente real.
 " A felicidade só é real quando compartilhada "
                                                                                                                                                         
Dedicado ao meu amor, companheiro, amigo, namorado Diego Matos

terça-feira, 5 de julho de 2011

Antídoto

Mas ela era só mais uma doce menina,
E as lágrimas exorcizavam os demônios de sua alma.
Ela sabia que todas aquelas lembranças seriam por toda vida,
Bastava apenas lidar com cada pedaço, cada som e todas as imagens.
A sensação de morte pairava,
A sensação de vida pairava.
Não dizia nenhuma palavra, pois  eram como veneno.
Aqueles olhos diziam o que todos precisavam ouvir :
- Tire-me daqui, tire-me daqui...
E num suspiro profundo, ela entrou em seu quarto.
Dali, ela nunca mais foi a doce menina que exorcizava os demônios de sua alma.
Ela partiu, deixando o chão do quarto pintado de vermelho.