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domingo, 23 de janeiro de 2011

O segredo

- Você se lembra do que aconteceu?
- Não sei...
As mãos juntavam-se em rápidos movimentos. Os pés balançavam na tentativa daquele incomodo amenizar.
- Podemos tentar conversar sobre isso. Você quer?
- Eu não sei. Eu... eu.. eu quero.
- Conte-me.

  Aquele dia tinha sido exaustivo, foram processos e mais processos em minha mesa. Chegando em casa, ela estava na cozinha pegando os pratos para o jantar, dei um beijo em sua face. Ele estava na sala com a sobrinha da minha esposa assistindo ao filme. Subi para tomar banho. Logo após 20 minutos estava ali. Jantávamos e conversavamos, felizmente...

- Você está bem?
- Sim, estou.

As mãos transpiram.Sente os batimentos cardíacos acelerarem. Eduardo continua.

Ao terminar, pedimos para as crianças se arrumarem para dormir, pois eu  já estava subindo para contar a história. Sentei na cadeira em frente as duas camas. Ela... ela era linda. Não conseguia parar de olhá-la. Vi que o Pedro já estava a dormir enquanto ela revirava de um lado para o outro - era o que eu precisava. Sentei ao lado da cama. E meus dedos ...

 
Eduardo dá uma pequena pausa e respira,prossegue.

O medo me dominava. Eu não queria sentir aquilo, mas eu não conseguia me controlar. Eu.. eu.. eu precisava estar perto dela, não queria fazer mal, não queria machucá-la. Ouvi alguns passos e me assustei, era apenas minha esposa encostando a porta do nosso quarto. Continuei ali por mais alguns minutos e fui para o quarto. A necessidade tomava conta da minha mente, do meu corpo. Eu me sentia extasiado ao estar perto dela, evitava por diversas vezes. Nas noites que minha mulher a levava para casa,eu ficava atormentado - era o meu doce anjo diante de mim, só queria cuida-la.

- Você entende?! EU NÃO CONSIGO CONTROLAR !
- Acalme-se Eduardo, não estou aqui para te julgar.
- Eu sei, eu sei. Me ajude, eu preciso.

 O silêncio que pairava foi quebrado com o som do choro de Eduardo, que disse :

Abri a porta cuidadosamente e fui ao quarto das crianças, o relógio marcava 2:30. Ela estava dormindo, meus olhos estavam estagnados sobre aquele pequeno corpo coberto pelo lençol branco florido. Sentia-me atraído, o desejo estava ai. Senti culpa. Cheguei mais perto do meu doce anjo, toquei aquela pele macia, ela abriu os olhos e eu sorri. As minhas mãos suavam,sentia o sangue correr por todo meu corpo e minha respiração estava ofegante - queria mais daquele perfeito corpo. Minhas mãos deslizaram sobre suas pernas. Hesitei. Olhei para o Pedro. Eu não podia, não podia ! Então, eu sai do quarto . O corpo trêmulo de desejo e angústia.

- Eduardo, ela não manisfestou medo?
-Não. Ela confiava em mim.
- Confiava?
-Sim. Porque eu a preparo durante meses.
- Há quanto tempo?
[silêncio]
- Há quanto tempo, Eduardo?
- Um ano e meio.

Um silêncio duradouro e ao fundo uma voz calma diz : Obrigada, Eduardo. 


8 comentários:

  1. Já te disse por MSN, mas repetirei:
    O melhor de todos até o momento (:

    Seu fascínio por mentes pertubadas é visível.
    Cada detalhe é contado de forma tão simples a imaginação. É como se a cena ocorresse bem a minha frenre.

    MUITO bom, Tathi o/

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  2. Amei.
    Muito intenso e tocante!

    Beijo e boa noite flor :)

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  3. Caramba.
    Um conto muito forte.
    Parabéns. :}

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  4. Meu Deus, que Lindoo! Tudo aqui! Parabens =))
    Seguindoo aqui, certo?! Da uma passadinha la no meu e segue tbm!! Beijoo =**

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  5. Muito intenso mesmo!
    Concordo com a Deia (:
    Tenho um selo pra você ;*
    http://umamor-demenina.blogspot.com/

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  6. selo pra ti (:
    http://coisasqdaonatelha.blogspot.com/2011/01/mais-um.html

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  7. Uma descarga de todo trabalho um dia feito. Obrigada meninas.

    Selva, Bia - agradeço pelos selinhos *-*

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  8. quem é Eduardo maanola !?
    vc conhece né, vivenciou isso aê né.
    tem meu ombro amigo ;/

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